EJERS 10 anos: uma década de expansão e consolidação
Criada para atuar na
formação, atualização e especialização de magistrados
e servidores, estimular os estudos do direito
eleitoral
entre seus operadores e das diversas ferramentas de administração
pública
no âmbito da Justiça Eleitoral, a Escola Judiciária Eleitoral do Rio Grande do Sul (EJERS), que é vinculada ao
TRE-RS, desenvolveu-se, expandiu suas iniciativas e hoje consolida-se
nessas áreas, além de atuar na difusão da memória
institucional e na educação para a cidadania política,
estimular a pesquisa científica em matérias de interesse da
Justiça Eleitoral e promover a educação profissional dos
servidores do Tribunal.
No dia 25 de junho de 2020, a EJERS completou dez anos de sua instituição.
"É uma honra para o TRE-RS ter a qualificação que temos na nossa EJERS"
O presidente do
TRE-RS e diretor da EJERS, desembargador André Luiz Planella Villarinho, celebra a
trajetória do órgão: “Ao ensejo da comemoração dos dez anos da
Escola Judiciária Eleitoral, cumpre fazer este reconhecimento pela
excelência dos trabalhos que a Escola vem prestando à Justiça
Eleitoral e ao TRE, seja através de cursos de capacitação dos
servidores, seja por meio de cursos de aperfeiçoamento de
magistrados e também de juristas, ou ainda outros eventos
importantes e de interesse da Justiça Eleitoral. Por tudo isso, nada
mais justo do que desejar que a Escola sempre se aperfeiçoe e
continue nesse caminho. É uma honra para o TRE ter a qualificação
que temos na nossa EJERS”.
Para o diretor-executivo da EJERS, desembargador Jorge Luís Dall’Agnol, o acontecimento merece destaque pois o surgimento da Escola “foi essencial para preencher um espaço importantíssimo no cenário eleitoral gaúcho: capacitar servidores, magistrados, membros do Ministério Público, advogados, acadêmicos e demais interessados na matéria eleitoral e desenvolver ações voltadas à educação para a cidadania e ao aperfeiçoamento de práticas eleitorais. Desde sua instituição, em 2010, até a presente data, a EJERS prosperou e aprimorou-se no cumprimento de seu ofício de promover educação inovadora no âmbito da Justiça Eleitoral, fortalecer valores democráticos e estimular a participação cidadã”.
O ex-presidente do TRE-RS responsável pela fundação da EJERS, dez anos atrás, desembargador Luiz Felipe Silveira Difini também prestou seu depoimento sobre a comemoração. “É com muita satisfação que hoje, depois de dez anos, vejo a Escola Judiciária Eleitoral do Rio Grande do Sul plenamente consolidada, com uma estrutura adequada, tanto física quanto de recursos humanos, e desempenhando importantes funções. Tenho a consciência de que no que melhor se investe, em qualquer atividade - inclusive no serviço público - é na formação de seus quadros, daqueles que lhe prestam serviço, de forma que possam somar àquela vivência prática que têm alguns elementos de formação teórica que auxiliem no melhor desempenho das funções, sempre visando ao fim último do serviço público, que é atender a comunidade”, afirma.
À desembargadora Liselena Robles Ribeiro, também ex-presidente do TRE-RS e ex-diretora da EJERS, coube aprovar a primeira significativa reestruturação da Escola, em 2017. Ela destaca que o órgão “sempre esteve entre as prioridades da administração da Justiça Eleitoral. E, agora com dez anos, aproveito a oportunidade para dizer do meu orgulho de a ter dirigido, em face da importância para os servidores e a magistratura na área eleitoral. A Escola é, com certeza, o lugar apropriado para o atendimento de demandas educacionais que envolvam eleições, oferecendo cursos que permitem uma capacitação efetiva na matéria”.
“Celebrar o aniversário de dez anos da EJERS é uma oportunidade para refletir, reviver sua criação,
focar no presente, mas também idealizar o futuro”
A ex-presidente do TRE-RS e ex-diretora da EJERS na gestão mais recente – iniciada no final de maio de 2019 e concluída em maio deste ano – desembargadora Marilene Bonzanini, salienta que teve “a oportunidade de vivenciar um grande crescimento da Escola, em vários sentidos”. Mais adiante, ela elenca em detalhes os diversos avanços que ocorreram sob sua direção.
“Celebrar o aniversário de dez anos da EJERS é uma oportunidade para refletir, reviver sua criação, focar no presente, mas também idealizar o futuro”, assim pensa a servidora do TRE-RS, Débora do Carmo Vicente, atual coordenadora da Escola – desde abril de 2019.
“Neste momento de transformação e de comemoração, há muito de alegria para ser registrado e também um dever de consciência de agradecer todo o apoio recebido, em especial, o engajamento e comprometimento da equipe atual: Clener, Cristiane, Dione, Fátima, Giovanna, Jéssica, Jônatas, Liana, Renata, Ricardo, Selma e Solange, que representam todos os que já contribuíram para a EJERS de hoje”, registra a coordenadora.
Aos magistrados, servidores e colaboradores da Justiça Eleitoral do Rio Grande do Sul, Vicente acrescenta que “esperamos corresponder às expectativas e continuar contando com o suporte e o reconhecimento, para então cumprirmos a missão da Escola, de ‘promover educação inovadora no âmbito da Justiça Eleitoral, fortalecer valores democráticos e estimular a participação cidadã’, e assim, juntos, sermos reconhecidos como protagonistas de uma transformação cultural”.
A fundação
Quando o desembargador Luiz Felipe Silveira Difini assumiu a presidência do TRE gaúcho, a instituição era a única entre os Regionais que ainda não possuía sua Escola Judiciária Eleitoral. Essa era uma situação que precisava ser enfrentada, segundo Difini: “O TRE do Rio Grande do Sul desempenhava um papel de vanguarda na Justiça Eleitoral brasileira, em uma série de outros aspectos. Havia a necessidade de dotá-lo de um órgão adequado para a capacitação dos seus recursos humanos”.
A servidora Renata
Pochmann Simoni pode ser considerada a primeira a atuar na EJERS.
Ela, que à época da fundação da Escola atuava no Gabinete da
Presidência do TRE-RS – hoje Assessoria da Presidência – relata que o
desembargador Difini chegou determinado a criar o órgão. “Ele é inteligente, bem informado, engajado. Em seus primeiros dias à
frente do Tribunal, disse: ‘Teremos uma Escola, nem que
inicialmente não haja estrutura para tanto. Que seja, então, no
Gabinete da Presidência’”. Durante um bom tempo, o desembargador
dizia, em tom de brincadeira, que a EJERS funcionava “na mesinha da
Renata”, ela conta.
“Se não fosse o impulso pessoal dele, esse projeto não teria saído do papel”
Quem conduzia esse trabalho era o chefe do Gabinete da Presidência naquele período, Rafael Morgental Soares. Hoje ex-servidor do TRE-RS e advogado na área de direito eleitoral, ele foi o primeiro a ocupar o cargo de Coordenador da Escola. De acordo com Morgental, algumas forças ajudaram ou determinaram a concepção do projeto. A primeira foi o empreendedorismo de Difini, e sua ligação com o ensino. “Se não fosse o impulso pessoal dele, esse projeto não teria saído do papel”, diz. Em segundo lugar, havia uma demanda por conhecimento para juízes, sobretudo em direito eleitoral. “Outros estados já tinham EJEs, já estavam trabalhando um pouco mais o conhecimento dos juízes, que, embora temporários, quando atuam, tem de saber o que fazer”, acrescenta. A terceira força, completa Morgental, era “uma certa cobrança do restante da Justiça Eleitoral sobre o TRE-RS por não ter uma EJE. Então, tudo isso culminou com a criação da Escola”.
Introdução de um projeto pedagógico inicial
Ainda segundo Morgental, na origem, a EJERS procurou basear-se em três premissas pedagógicas.
A primeira: universalização da educação corporativa. “A gente percebeu que tinha a oportunidade de contemplar os servidores, sobretudo do Interior, num projeto que unificasse toda a força de trabalho na concepção comum de corpo discente. Então, os primeiros cursos da EJE, para juízes, já tinham uma cota para participação de servidores”, relata.
“Primeiro, não falar mais só em treinamento e capacitação, mas em formação do servidor,
o que é bem diferente, é uma visão de mais longo prazo”
A segunda: a ampliação do escopo educacional. A proposta inicial era de alargamento em dois sentidos: “Primeiro, não falar mais só em treinamento e capacitação, mas em formação do servidor, o que é bem diferente, é uma visão de mais longo prazo”, explica Morgental. A ideia era fazer uma formação de base, por exemplo, em direito eleitoral, para juízes e servidores. Em segundo lugar, trabalhar com outros conhecimentos, fora do universo do direito. “Tanto que desde o início a EJERS teve uma ligação muito forte com a disciplina de gestão pública. Não ficou focada no direito eleitoral. Como é um círculo de juristas e é um tribunal, essa matéria aparece mais do que as outras. Mas a ideia era de que a gente tivesse um bom diálogo com economia, sociologia, filosofia etc.”, comenta.
A terceira: a projeção externa da EJERS. Ou seja, o vínculo com a academia, a formação de cidadãos e jovens eleitores e outras frentes. Um leque que vai desde as ações educacionais de cidadania até os convênios com universidades, para promover eventos e cursos.
A servidora Natália Gomes da Silva participou da elaboração da Resolução que criou a Escola, no período em que também atuava no Gabinete da Presidência do TRE-RS. Ela destaca as duas frentes iniciais de atuação: direito eleitoral e gestão pública. “Um dos primeiros eventos que a EJERS promoveu foi uma palestra com o ministro Ives Gandra Filho, do Tribunal Superior do Trabalho, e ele veio conversar com o público do TRE gaúcho sobre a gestão dentro do judiciário. Apresentou ideias sobre como monitorar produtividade, como distribuir trabalho em gabinetes. Enfim, trouxe um olhar de gestão para o órgão”, ela conta.
Primeiros eventos
O desembargador Difini relata que, já nos dias inaugurais de seu mandato, levou a questão da criação da EJERS ao Pleno, que aprovou a Resolução. A Escola Judiciária Eleitoral do Rio Grande do Sul foi prontamente instalada e começou suas atividades. Inicialmente, com uma estrutura limitada, sem espaço físico próprio e sem servidores trabalhando exclusivamente para o órgão. “A EJERS só sobreviveu, nos seus primórdios, pela dedicação dos funcionários lotados na Presidência do TRE, que somaram as atividades da Escola às suas habituais”, ressalta.
“Já no ano de 2010, tivemos vários cursos de formação de magistrados,
diversas palestras – inclusive de nomes importantes na Justiça brasileira"
Ele relembra os primeiros eventos promovidos pela EJERS: “Já no ano de 2010, tivemos vários cursos de formação de magistrados, diversas palestras – inclusive de nomes importantes na Justiça brasileira. Estiveram aqui o ministro Ricardo Lewandowski, à época presidente do Tribunal Superior Eleitoral; o ministro Ives Gandra Filho, do TST, à época conselheiro do Conselho Nacional de Justiça; e outros. Conseguimos desenvolver, embora houvesse precariedade da estrutura, um número significativo de atividades”.
A estruturação
Desde 2019 à frente da Coordenadoria, Débora Vicente salienta que, em maio de 2017, durante a gestão da desembargadora Liselena Schifino Robles Ribeiro como presidente do TRE-RS e diretora da EJERS, com apoio e incentivo do desembargador Carlos Cini Marchionatti, então vice-presidente e vice-diretor, a Escola recebeu uma estrutura mínima, formada por uma coordenadoria e duas seções, sendo uma responsável por estudos eleitorais e outra por programas institucionais.
A desembargadora Liselena Ribeiro destaca a conquista: “A nossa Escola é reconhecida pela relevante atuação junto à jurisdição eleitoral. Ressalto, a propósito, a conquista de sua sede própria, em 2017.”
A Resolução TRE-RS N. 285, de 9 de maio de 2017, adequou a organização do órgão ao que determinava a Resolução TSE N. 23.482/2016, sobre a estrutura, o funcionamento e as competências das Escolas Judiciárias Eleitorais. Com isso, foram instituídas as Seções de Estudos Eleitorais, com a missão de “elaborar, organizar, executar e avaliar os cursos, congressos, seminários, palestras, debates e outras ações de capacitação presenciais e à distância desenvolvidas pela EJERS, solicitando apoio, quando entender necessário, a outras unidades do TRE-RS”, e de Programas Institucionais, encarregada de “elaborar, organizar, executar e avaliar projetos institucionais desenvolvidos pela EJERS”.
As atribuições da Seção de Editorações e Publicações, prevista na mesma Resolução TSE, quais sejam, aquelas referentes apenas às publicações de caráter científico, ficaram a cargo da Escola “mediante emprego e apoio das unidades do Tribunal com encargos correlatos, ou pela contratação externa de serviços, enquanto não criada a referida seção na estrutura orgânica do TRE-RS”.
A Resolução TRE-RS N. 285/2017 trazia, ainda, especificações sobre o planejamento orçamentário, a atuação de formadores e colaboradores da Escola e a certificação de discentes, entre outros pontos.
Na ocasião, a EJERS conquistou um espaço físico para desenvolver suas atividades, dentro do Centro de Formação do Poder Judiciário do Rio Grande do Sul (CJUD-RS). A inauguração do uso do espaço ocorreu no final da gestão de Ribeiro, às vésperas da posse do desembargador Marchionatti como presidente do TRE-RS e diretor da Escola. Na gestão deste, foram promovidos diversos eventos e firmados convênios com outras instituições educacionais. Nesse período, o foco foi o ensino na área de direito eleitoral.
"Com vistas à melhoria da gestão, delegou-se a direção executiva a magistrado com experiência em atividades de ensino e direito eleitoral, garantindo um olhar mais direto e objetivo ao cumprimento do plano de atividades aprovado"
Por fim, em 2019, houve uma importante reestruturação do órgão, oficializada na publicação de seu novo Regimento Interno (Resolução TRE-RS N. 334, de 2019). Segundo a norma, a EJERS “será dirigida por seu Diretor, com auxílio do Vice–Diretor, do Diretor–Executivo e do Coordenador”. O cargo de diretor-executivo foi ocupado, nesse ano, pelo desembargador Luciano André Losekann, e, a partir de junho de 2020, passou às mãos do desembargador Jorge Luís Dall’Agnol.
"Com vistas à melhoria da gestão, delegou-se a direção executiva a magistrado com experiência em atividades de ensino e direito eleitoral, garantindo um olhar mais direto e objetivo ao cumprimento do plano de atividades aprovado", afirma a desembargadora Marilene Bonzanini, responsável pela criação do cargo.
A Escola conta agora com um Conselho Consultivo, composto por seus diretor, vice-diretor, diretor-executivo e coordenadora; e ainda pelos diretor–geral, secretário judiciário, secretária da Corregedoria e secretário da Gestão de Pessoas do TRE-RS.
Sua estrutura administrativa ficou assim dividida:
I – Coordenadoria
(COEJE);
II – Seção de
Aperfeiçoamento Jurídico e Estudos Eleitorais (SEAJE);
III – Seção de
Programas Institucionais (SPINS);
IV – Seção de
Educação Continuada (SEDUC).
A ex-presidente do TRE-RS e ex-diretora da EJERS, desembargadora Marilene Bonzanini, salienta que, em sua direção, houve, em primeiro lugar, a conclusão de um projeto que já vinha ganhando corpo durante a gestão anterior, de integração da antiga Seção de Capacitação (SECAP) - atual SEDUC - à Escola, “de modo que esta prosseguiu atuando na formação de magistrados e servidores, e todos os demais integrantes da comunidade jurídica, na seara do direito eleitoral propriamente dito, assumindo também toda a capacitação e aperfeiçoamento do corpo funcional para o manejo das questões administrativas e atividades-meio”, explica a ex-diretora.
“Agora a Escola tem outra cara, está bem estruturada, tem um viés inovador,
de buscar proporcionar uma melhor educação a cada dia"
A coordenadora Débora Vicente também destaca a importância da mudança: “Ao incorporar a antiga Seção de Capacitação, hoje denominada Seção de Educação Continuada, a EJERS passou a ser responsável por toda a capacitação da Justiça Eleitoral do Rio Grande do Sul”. O remanejo trouxe de volta à Escola a servidora Natália Silva, hoje chefe da SEDUC. “Eu retornei ano passado, a convite da coordenadora, para exatamente trazer a parte voltada a áreas não jurídicas para dentro da Escola novamente”, acredita.
Quem também retornou para a EJERS, agora como chefe da SEAJE, foi a servidora Renata Simoni. “Agora a Escola tem outra cara, está bem estruturada, tem um viés inovador, de buscar proporcionar uma melhor educação a cada dia. Está sendo um prazer esta nova experiência na Escola”, ela elogia.
Espaço próprio
No dia 20 de maio de
2019, ainda na gestão do desembargador Dall’Agnol como diretor, a EJERS ganhou,
então, espaço próprio no prédio-sede do TRE-RS (Rua Duque de
Caxias, 350, Porto Alegre). As salas ficam no sexto andar. Além
disso, no dia 26 de agosto de 2019, sob a direção da desembargadora
Marilene Bonzanini, foi inaugurado o Centro de Formação e
Aperfeiçoamento Ana de Barandas, no terceiro andar do Edifício
Assis Brasil (Rua Sete de Setembro, 722 e 730), uma das sedes do
Tribunal, também na Capital. O espaço conta com com quatro salas,
usadas para ações educativas, como cursos, palestras e seminários,
e reuniões, para servidores e juízes vinculados à Justiça
Eleitoral gaúcha. A escritora porto-alegrense Ana da Fonseca
Barandas foi uma vanguardista na defesa da participação das
mulheres na política.
Revista do TRE-RS e direito eleitoral
Em 2018, também sob direção do desembargador Dall’Agnol, a Revista do TRE-RS, publicação científica de artigos acadêmicos sobre direito eleitoral e temas afins ao trabalho da Justiça Eleitoral, voltou a ser editada pela EJERS. Conforme o desembargador, a Revista tornou-se “uma publicação dinâmica e moderna, de âmbito nacional e com perfil de interdisciplinaridade, servindo de valioso instrumento de difusão de conhecimento à comunidade eleitoral. Além disso, a tecnologia garantiu o acesso por sua versão eletrônica, disponibilizada nos mais diferentes canais”.
“Uma publicação dinâmica e moderna, de âmbito nacional e com perfil de interdisciplinaridade, servindo de valioso instrumento de difusão de conhecimento à comunidade eleitoral"
Dall’Agnol destaca, também, que as ações educacionais realizadas pela EJERS, como congressos, seminários, publicações, grupos de estudos e outras, propiciaram aos envolvidos com a matéria eleitoral momentos de indispensável capacitação para adequada compreensão do direito eleitoral e questões afins. “Lembro, a propósito, do seminário Crimes Eleitorais e Conexos, sobre a competência da Justiça Eleitoral em matéria criminal, que suscitou cerrada discussão a respeito, e que serviu de subsídio para posterior resolução do TSE”, exalta.
Projeto Pedagógico
Para nortear as ações educativas - presenciais e a distância - na Justiça Eleitoral gaúcha, em dezembro de 2019, a Escola aprovou seu Projeto Pedagógico, na gestão da desembargadora Marilene Bonzanini. O documento traz premissas a serem observadas na proposição e implementação de todas as soluções educacionais voltadas ao desenvolvimento de competências de magistrados e servidores da instituição, bem como para a formação de cidadãos e demais participantes das eleições. A elaboração do projeto considerou os desafios a serem enfrentados para a garantia da legitimidade do processo eleitoral, assegurando sua efetividade, acessibilidade, transparência e segurança. A desembargadora enaltece o projeto como basilar para “garantir a qualidade de toda a educação formativa implementada”.
Educação para a cidadania
A ex-diretora destaca, ainda, a promoção, pela Escola, de programas institucionais, com vistas à formação de cidadania política, como as iniciativas Lideranças do Futuro, Justiça Eleitoral Aberta e Mais Mulheres na Política. “A EJERS cresceu muito em termos de integração com as demais Escolas Judiciárias Eleitorais do país, garantindo um espaço de aproveitamento de talentos, de cursos, e certamente também de recursos, avançando muito no sistema de educação à distância, e consciência cidadã, com atividades junto à comunidade escolar e público em geral”, afirma.
"Entendo que é cada vez mais um papel da Justiça Eleitoral fortalecer as instituições de democracia,
por meio do incentivo ao exercício da cidadania”
A chefe da SEDUC, Natália Silva, acredita que um dos desafios atuais da Escola é “engrandecer a pauta da consciência cidadã, que foi um movimento que começou há uns dois, três anos, e que hoje, neste cenário de desinformação, entendo que é cada vez mais um papel da Justiça Eleitoral fortalecer as instituições de democracia, por meio do incentivo ao exercício da cidadania”.
Rafael Morgental concorda: “Talvez, o que eu pudesse sugerir, abrindo uma perspectiva de futuro, é que a Escola tenha um compromisso ainda maior com a cidadania simples, de base. Eu sei que é bem difícil a gente falar em educação para a cidadania, mas, se a gente tem um problema de desinformação, começa-se combatendo-o com boa informação. Então, talvez as EJEs tenham uma contribuição a dar nisso”.
A consolidação de um projeto
Morgental avalia que o projeto de criação e desenvolvimento da EJERS foi bem-sucedido. “Ele teve correções de rumo, necessárias, e fases de implantação. A primeira fase foi a mais difícil, pois havia resistências a respeito da acomodação dessa estrutura no organograma do Tribunal e um desafio técnico mesmo, de mão de obra, havia pessoas com pouca aderência ao mundo acadêmico e à realidade educacional”, sustenta.
Mas, na sua opinião, os desafios foram vencidos e o órgão agora está na fase de consolidação. “Se pensarmos em perspectiva histórica, foi até bem rápido. Eu vejo hoje a EJERS como um espaço de excelência da Justiça Eleitoral. Imagino que também internamente esse prestígio, de se trabalhar lá na Escola, é algo que cresceu”, analisa. “E dentro da educação corporativa, o caminho é lapidar os talentos internos, né? As instituições acabam descobrindo que alguns de seus integrantes têm algo a dizer e a ensinar. Muitos fizeram seus mestrados e doutorados, as pessoas estão mais interessadas nisso. Então, por que não colocar essa turma para produzir conhecimento uns para os outros?”, indaga.
"Eu vejo hoje a EJERS como um espaço de excelência da Justiça Eleitoral"
E completa: “enquanto houver espaço, a Escola deve crescer. O desafio educacional agora é maior, na sociedade da informação e no home office. Então, acho que a EJERS está no ponto certo para fazer a diferença”.
A chefe da SEDUC, Natália Silva, crê que a Escola se firmou como uma referência na Justiça Eleitoral brasileira. E aponta um caminho: trazer mais luzes sobre a área de gestão e a área administrativa. “No momento que passa a ser uma Escola também para os servidores, essas áreas precisam receber um olhar atento, então, me parece que esse é um dos desafios”, reflete.
“No biênio que se inicia, sob o comando dos desembargadores André Luiz Planella Villarinho e Armínio José Abreu Lima da Rosa, a EJERS prosseguirá e ampliará suas atividades, atenta, também, às eleições municipais. Sempre visando ser reconhecida como escola judiciária eleitoral protagonista de transformação cultural, ocupando o lugar de destaque que merece a tradição da nossa Justiça Eleitoral”, assegura o diretor-executivo, desembargador Dall’Agnol.
Pandemia e futuro
A desembargadora Marilene Bonzanini avalia que “foi um ano muito gratificante de atividades junto à Escola, só não sendo mais intenso em razão das dificuldades impostas pela pandemia, porém, por outro lado, a situação provocou novas formas de educação e formação, tais como as lives ou webinars realizadas”.
Dall’Agnol ratifica, afirmando que, mesmo no período de pandemia, a EJERS “não se absteve de seguir sua tarefa de capacitar, instruir e transmitir conhecimento aos profissionais da área eleitoral e ao cidadão curioso ou ávido de saber”. Ele destaca que a Escola tem atuado por meio de teletrabalho, com programação on-line. Ele cita o exemplo do Webinar “Cidadania, Democracia e Racismo no Brasil”, realizado no dia 2 de julho, pelo canal do TRE gaúcho no YouTube, que teve significativa assistência. “Mais uma vez, a tecnologia vem servindo de ferramenta para a difusão dos ideais da Escola, no cumprimento de sua missão institucional. E assim deverá continuar, sempre em proveito da comunidade”, assevera.
"A Escola, além de alicerçar suas novas competências, passa por uma transformação digital, cultural e tecnológica, acelerada em resposta à pandemia do novo coronavirus"
Débora Vicente completa: “Em 2020, estamos atravessando a maior crise sanitária dos últimos cem anos, e a Escola, além de alicerçar suas novas competências, passa por uma transformação digital, cultural e tecnológica, acelerada em resposta à pandemia do novo coronavirus”.
Morgental segue a mesma linha de pensamento. Para ele, no universo do trabalho - sobretudo no serviço público e dentro da Justiça Eleitoral (JE) - o que estava mais próximo de ser virtualizado era o ensino. “O que aconteceu na virada para a pandemia? O primeiro órgão da JE que deu boa resposta foi a Escola. E se a gente pegar outros tribunais, a mesma coisa. Enquanto a turma estava decidindo o que ia fazer e como, a métrica de trabalho, a EJE estava fazendo live, webinar, com ‘feras’ do direito eleitoral. E todo mundo no espírito colaborativo. Isto é uma das virtudes, aliás, por que a gente deve louvar a Escola”, ressalta.
Para a chefe da SEAJE, Renata Simoni, o período da pandemia é “bem aproveitado pela Escola, porque a gente está tendo a chance de rever conceitos, formatos para educação a distância etc.”.
E a chefe da SEDUC, Natália Silva, avalia: “Como alguém que trabalha com educação e desenvolvimento há bastante tempo, entendo que com a pandemia está havendo uma ruptura com os modelos de educação e desenvolvimento usualmente praticados nas organizações. Então, vejo como uma oportunidade para a EJERS - que tem um viés inovador - incorporar essas mudanças, para que se tornem também práticas dentro da própria Escola, mesmo após a pandemia”.